Quando eu morava em Praga, o cenógrafo, diretor de arte em TV e artista plástico brasileiro Ricardo Hoineff era praticamente uma entidade divina, um sábio, um Mestre dos Magos para os conterrâneos perdidos naquela nação ainda tão nova.
Era o ano 2000 e Ricardo vivia na cidade desde 1991. Até onde eu sabia, era o brasileiro mais experiente no país, com conhecimento acumulado suficiente para iluminar todas as dúvidas em português. E ele ainda falava tcheco fluentemente, uma raridade entre os estrangeiros desde sempre.
Hoje, 25 anos depois da chegada, Ricardo é um profissional reconhecido na República Tcheca, com prêmios europeus importantíssimos (um deles foi o primeiro da história recebido por uma TV do país) e já fez uma exposição de suas obras em cristal – atividade que começou a aprender apenas em 2010.
Por toda esta história em Praga, convidei o Ricardo para abrir uma série de pequenas entrevistas que pretendo fazer ao longo de sei lá quanto tempo, com brasileiros e tchecos. Ele gentilmente aceitou (obrigado, Ricardo!) e conversamos por telefone enquanto ele passeava com o Dingo, seu cachorro, no parque atrás da sua casa.
Aliás, ele só fala com o Dingo em tcheco.
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Como e quando Praga entrou na sua vida?
Foi em 1989. Eu estudava Cenografia na UFRJ (Rio) e já trabalhava como assistente de cenografia e figurino, mas vi que o curso não recebia investimentos e não iria melhorar. Então o Collor foi eleito e eu queria sair do Brasil. Pedi uma bolsa na faculdade de teatro de Praga (DAMU), mas demorou muito e eu resolvi vir na cara e na coragem graças à pilha que minha mãe me colocou e que eu agradeço a ela até hoje. No fim acabei ficando.
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Em que região da cidade você mora e o que mais gosta nela (na região)?
Eu moro no bairro Smíchov e eu amo os parques dele, que são sempre vazios e calmos. Isso é uma das melhores características de Praga: ela é muito verde, tem muitos parques.
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Qual é seu restaurante preferido em Praga?
É complicado escolher apenas um, porque Praga tem muitos lugares bons. Mas de forma geral eu gosto muito de cervejarias e frequento mais o restaurante/cervejaria Potrefená Husa que fica perto da minha casa, no prédio da fábrica da cerveja Staropramen.
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Qual é seu parque preferido?
O que fica atrás da minha casa, mas não vou dizer o nome para não perder a paz, hahaha!
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Qual é o seu bar preferido?
Eu gosto de um clube esportivo em Smíchov onde vamos depois de passear no parque. O nome é DTJ Santoška, existe desde 1901 e tem um prédio antigo onde servem cerveja. Outro lugar que gosto é o Q Café, na Cidade Nova.
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Pilsner Urquell, Staropramen, Budweiser Budvar ou vinho morávio?
Prefiro a cerveja Cvikov, de uma fábrica pequena, no norte do país, perto da Alemanha. Ela existia desde os anos 1500, mas fechou no comunismo e só reabriu em 2014. Eu também gosto do vinho pálava, típico da República Tcheca.
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Qual é o primeiro lugar aonde você leva um amigo que está visitando a cidade pela primeira vez?
Levo para o castelo e, enquanto ainda dá tempo, para ver a exposição A Epopeia Eslava, de Alfons Mucha.
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Você é uma pessoa ligada em arte. Qual é o lugar que você mais gosta na cidade, relacionado a este assunto?
Na verdade não é um lugar em Praga, é uma região a mais ou menos 1h30 daqui, onde estão a cidade de Nový Bor e vários vilarejos próximos (Kamenický Šenov, Lindava, Cvikov, Skalice…). É o centro de produção de vidro e cristal da República Tcheca desde o século 14 e tem várias galerias, museus fantásticos e oficinas de vidro onde é possível fazer visitas.
Quem gosta desta arte precisa ir para a região, até porque os arredores também são lindos, têm paisagens incríveis, cânions, rios e parques protegidos, mas tudo ainda pouco explorado pelos turistas – exceto pelos alemães e holandeses, que chegam a alugar casas e passam as férias inteiras lá.
Para saber mais sobre o trabalho do Ricardo, acesse o site dele.
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As indicações do Ricardo
[bolha]• Restaurante Potrefená Husa: é uma rede de bares/restaurantes/cervejarias da própria fabricante de cervejas Staropramen e existem várias filiais em Praga. Esta que o Ricardo prefere é o Potrefená Husa Na Verandách, que fica na rua Nádražní 43/84, metrô Anděl (linha B, cor amarela) e parada de bondes Na Knížecí.
• Clube DTJ Santoška: é bem fora de mão para o turista, mas se você quiser conhecer, o ônibus é o 137. Você pega estação inicial Na Knížecí (ligada ao metrô Anděl – linha B, cor amarela) e desce na parada Václavka. Fica na rua Xaveriova 2.
• Q Café: rua Opatovická 166/12, Cidade Nova (Nové Město). Para ir, pegue o metrô e desça na estação Národní třída (linha B, cor amarela).
• Cvikov: você encontra a cerveja preferida do Ricardo em alguns lugares de Praga. Veja a lista aqui. (Ela está em tcheco, mas você só precisa do endereço.)
• A Epopeia Eslava, de Alfons Mucha: clique no nome para ver o post com informações.
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• Nový Bor e região
A maneira mais fácil de ir é alugar um carro (para poder circular entre os vilarejos) mas também dá para ir de trem, numa viagem que dura no mínimo 2h30, exige uma troca rápida e custa ao redor de 370 CZK por pessoa, ida e volta. Você pode comprar suas passagens no site da companhia de trens tcheca.
Outra opção fácil é ir num carro com motorista da Prague Airport Transfers. Clique no link e entre em contato com eles para orçar.
Se quiser passar a noite na cidade, o Booking tem algumas opções de hotel e pousada em Nový Bor. Para ver mais, procure na página de turismo da região.
Para visitar uma oficina de vidro, agende na Ajeto Glassworks.
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Oi Ricardo.
Estive em Praga , mas só no centrão turistico e já gostei muito.
Com essas dicas pretendo voltar e curtir mais.
Obrigada.
Que bom, Esther! Tomara que as dicas daqui ajudem! =) Abraço!
Que legal. Ricardo é um querido, gente boa. Morei dois anos e meio em Praga e digo que fui muito feliz por lá!
Gisele – do blog – Cai dentro com a Gi
🙂